
Pelo menos pra mim, é difícil falar do Adema e não relacionar ao Mortal Kombat. Foi assim que conheci esses caras. Claro que a banda não tem nada a ver com a série de vídeo-game em si, mas uma música foi escrita especialmente para o Mortal Kombat: Deadly Alliance, e ela se chama "Immortal". Com certeza muita gente que joga vídeo-game já viu o clipe a partir do game, ou até mesmo conhece a banda só por causa dele. Demorou anos pra eu ir atrás, mas acabei indo, e, de fato, o Adema não é aquele tipo de banda que tem um hit, e o resto é tudo merda. Eles são fodas, especialmente na época que o Mark Chavez era vocalista, exatamente aquele do clipe do MK.
As pessoas tem um preconceito infundado com o Nu Metal. Criticar o Slipknot virou moda, e como os caras fazem Nu Metal, logo, todos se distanciam do estilo. O Adema é uma banda do estilo que as pessoas simplesmente não sabem o que ela tem a oferecer. Uma dentre várias. Pelo menos enquanto Mark Chavez era vocalista, a banda seguia esse estilo. Após sua saída, adotou um bom Alternative Rock. De fato, o Nu Metal dota de excelentes bandas por aí. É só a pessoa permitir que seu cérebro de ameba cresça e abra os ouvidos, porque mesmo com o Slipknot, é impossível que não goste pelo menos de uma música dentre todas. Claro, com todo respeito àqueles que não curtem o estilo de fato, e têm opinião fundada sobre isso.
De qualquer modo, essa excelenta banda de Nu Metal chamada Adema foi formada no ano de 2000 na cidade de Bakersfield, na Califórnia, EUA, consistindo em Mark Chavez no vocal, Tim Fluckey e Marc DeLeon nas guitarras, Dave DeRoo no baixo e Kris Kohls na bateria. Tão logo foi formada, os trabalhos começaram, e logo em 2001, o debut autointitulado foi lançado. Trata-se de um excelente álbum, e na minha opinião, o melhor da banda, que contém sua verdadeira essência, a sua cara. O vocal de Mark Chavez contribui - e muito - para essa identidade, pois é vívido, tem presença, e agressivo em determinadas passagens. O álbum fez sucesso. Suas duas principais singles "Giving In" e "The Way You Like It" (ótimas músicas, diga-se de passagem), foram significantemente tocadas nas rádios de Rock. Chavez era o cabeça e responsável pelo Adema ser o que era. Inclusive, todas as músicas foram escritas por ele, e produzidas por Bill Appleberry (7th House) e Tobi Miller, guitarrista do Wallflowers. "Adema" recebeu disco de ouro e rendeu turnê pelos EUA, inclusive, como banda principal no Ozzfest Festival.
Como consequência da onda de sucesso que o Adema alcançou, em 2002 mais um trabalho é lançado: o EP "Insomniac's Dream", como um presente para os fãs conquistados. Talvez esse seja o trabalho mais marcante da banda, porque foi o principal responsável pela publicidade de seu nome e, por causa dele, inclusive, os conheci. Esse EP contém a faixa "Immortal", escrita exclusivamente para o Mortal Kombat: Deadly Alliance, além de uma faixa que é bônus nas versões internacionais do debut, a faixa "Nutshell", cover do Alice In Chains, e quatro versões remixadas de músicas do debut. Immortal, para mim, é a melhor música do Adema. É boa demais! Esse ano de 2002 pode ser chamado como "o ano dos games" para o grupo: Como se não bastasse ser responsável por faixa relativa ao MK, "Everyone", do debut, foi escolhida para trilha sonora do game Resident Evil.
Em 2003, o segundo álbum, "Unstable" foi lançado. Ele mantém as excelentes características de seu antecessor, mas com as músicas visivelmente melhor trabalhadas, melhor compostas, menos cruas, resultado de uma inevitável maturidade e cuidado. Ainda mais porque Mark Chavez fez mais aulas de vocal para aprimorar sua voz, o que contribuiu com um álbum excelente, além de um som mais pesado, já que sua voz aguentava mais. Com certeza, "Unstable" é mais bem trabalhado e até mais agradável que "Adema", apesar de ser um álbum de menor duração. Impossível de não acontecer, os rótulos de "Nu Metal" eram frequentes na mídia. Em resposta, o Adema vigorosamente o negava e dizia que faziam apenas Rock Tradicional. Mas convenhamos, rótulos existem, e não adianta você fazer, por exemplo, Power Metal e falar que é Rock, fazer Black Metal e falar que é Rock... estilos são estilos, e separar e rotular é necessário para estabelecer uma identidade.
A partir daí, a banda entrou no período de problemas, que acabariam por afetá-la em seu próximo álbum, inevitavelmente. O nome do álbum é "Unstable", "Instável", traduzido para o Português, por uma única razão: o vocalista Mark Chavez e o guitarrista Mike Ramson, que havia entrado logo antes do lançamento do debut, no lugar de Marc DeLeon, começaram a se desentender. Mesmo com os problemas, a banda seguiu fazendo a turnê de seu novo álbum, mas sem os dois falarem um com o outro. Com o tempo, Mike Ramson cansou, e saiu em setembro de 2003, no meio da turnê, mas os demais membros prosseguiram com ela. No meio do conflito, "Unstable" vendeu 66% menos que o debut, e a banda culpa isso por problemas com a gravadora, uma verdadeira confusão entre Arista e Sony, que atrapalhou muito o Adema. Os problemas entre os membros continuaram, pois se generalizou, com Mike Ramson e Mark Chavez acabarem por colocar os demais membros no fogo cruzado. Os outros três membros culpam Chavez por atrasarem os planos do Adema, caminhando para trás.
As composições continuaram, mas de cabeça cheia e cansado de tanta intriga, em fevereiro de 2004, Mark Chavez começou a perder interesse. Em setembro, foi a gota d'água, então ele deixou a banda, e levou com ele, seu estilo e identidade. Saindo do Adema, Chavez formou o Midnight Panic com seu primo e amigos de bandas passadas, que chegou a lançar um EP auto-intitulado, antes de se dissolver também.
Os membros restantes do Adema continuaram, então, a composição de seu novo álbum e a caçar um novo vocalista. Ouviram a demo de uma banda também de Bakersfield chamada Rewind Yesterday e se interessaram na contratação de seu vocalista. Em janeiro de 2005, Luke Caraccioli aceitou o convite. Não foi contratado um segundo guitarrista para substituir Mike Ramson. Durante um show, o gerente do selo Earache Records ouviu o Adema e se interessou em assinar com eles, o que foi prontamente aceito pelo grupo, alegando que a gravadora permitiria a eles livre criatividade na composição de seu som.
Finalmente, em meados daquele ano de 2005, o álbum "Planets" é lançado. De fato, um trabalho completamente diferente de seus dois antecessores. Ele não segue nem de perto o Nu Metal da época de Chavez, e sim um Alternative Rock bem tocado, suave, mas nada impressionante. Para mim, isso foi um ponto negativo da banda, pois me pareceu meio desorientada. Não achei o Luke grande coisa também. Seu vocal é muito comportado, meio que apenas faz seu dever de casa, como se evitasse se esforçar muito. Mas é preciso enxergar o lado da banda também: isso talvez seja um reflexo dos membros, não querendo adotar um estilo que lembrasse o Chavez, querendo passar bem longe disso, e se inspirando no tão falado "Rock Tradicional".
Um fato legal é que Luke Caraccioli é um ex-soldado do exército estadunidense, e seu primeiro show com o Adema foi no Golfo Pérsico, para soldados estadunidenses no Iraque, Afeganistão, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, enquanto a Guerra do Iraque ainda estava comendo solta. A banda deixou claro que a turnê era apolítica. Foi bastante notável que nos shows de divulgação do álbum, haviam tanto fãs do antigo Adema quanto fãs do novo, se misturando na multidão. Contudo, o legado de Luke no Adema não durou e, alegando problemas pessoais, desligou-se da banda em outubro. Logo após sua saída, a banda voltou a ter contato com Mark Chavez, conversando sobre um possível retorno dele, chegando até a escrever músicas juntos, mas ficou por isso.
Em 2006, novos membros foram anunciados: o vocalista Bobby Reeves e o guitarrista Ed Faris (ambos do Level), fazendo com que a banda finalmente voltasse a contar com cinco integrantes, coisa que não acontecia desde "Unstable". Com essa formação, assinaram com a Immortal Records em 2007 e logo lançaram "Kill The Headlights". Esse álbum deu uma resgatada no antigo Adema. O vocal de Bobby se aproxima bastante do de Chavez, a sonoridade voltou a ser Nu Metal, e o álbum não deixa nada a desejar. Finalmente, a cara do Adema de volta, o que agrada, principalmente, aos fãs mais antigos.
No início de 2008, os caras anunciaram que estariam entrando em status de hiato, mas deixaram claro que não estavam finalizando seus trabalhos, mas 2009 chegou com boas novas: Mark Chavez anunciou que estava de volta à frente do Adema. Mike Ramson também voltou, e todo o line-up original foi reintegrado, portanto. Bobby Reeves e Ed Faris concordaram em deixar a banda pacificamente, alegando terem conhecimento de que esse é o melhor para o Adema e seus fãs. Vários shows então aconteceram, e parecia estar tudo bem. Contudo, Mike Ramson desinteressou-se novamente e participou pouco da turnê de 2010, e logo deixou o grupo de novo, ingressando no Black Heart Vacancy. Por motivos não revelados também, abruptamente, Mark Chavez deixa a banda antes mesmo da turnê de 2011 começar. Para tapar os buracos deixados, o guitarrista Tim Fluckey e o baixista David DeRoo assumiram os vocais.
Mais merdas aconteceram com o grupo em 2011: momentos antes de um show em Connecticut, o baixista David DeRoo foi preso por dirigir embriagado. Sua prisão estava autorizada desde julho de 2010 pelo incidente, que aconteceu em novembro de 2008. Por isso, era considerado fugitivo da lei. Sua fiança foi calculada em US$ 1 milhão. Quando se trata de Estados Unidos, nem é de se espantar. As leis lá são muito rígidas.
A banda era obrigada a realizar seus shows já marcados, portanto, o guitarrista Tim Fluckey, o baterista Kris Kohls e o baixista de turnê Marc DeLeon tiveram que fazer os shows sozinhos, sem DeRoo. Pouco tempo depois, Marc DeLeon foi deslocado para a função de guitarrista, como membro integral, substituindo Mike Ramson.
Parecia que o Adema ia ficar parado, que nada de produtivo ia sair mais de suas caixas. Mas o interesse em fazer música permanece, e já foi anunciado o lançamento de um EP em 2012 chamado "Topple The Giants", ainda sem data definida. O lançamento de um novo álbum também está programado, com previsão para o fim de 2012, mas contratempos podem acontecer.
O que é estranho é que o Adema está sem vocalista oficial, mas estão levando como podem com Tim Fluckey no vocal. Veremos como estará o novo Adema. Eu admito que não espero nada de mais. É uma banda traumatizada por diversos problemas em sua história, que perdeu os principais responsáveis por sua identidade, por serem quem são. De um modo ou de outro, o Adema é uma excelente banda. "Adema", "Insomniac's Dream" e "Unstable" são indispensáveis para conhecê-los. Relevando os problemas, é uma banda a ser apreciada, e um expoente do estilo.
Adema (2001)
01 - Everyone
02 - Blow It Away
03 - Givin' In
04 - Freaking Out
05 - The Way You Like It
06 - Close Friends
07 - Do What You Want To Do
08 - Skin
09 - Pain Inside
10 - Speculum
11 - Drowning
12 - Trust
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Insomniac's Dream (EP) (2002)
01 - Immortal
02 - Shattered
03 - Nutshell (Alice In Chains Cover)
04 - Freaking Out (Chris Vrenna Remix)
05 - The Way You Like It (Sam Citrin Remix)
06 - Do What You Want To Do (Live)
07 - Giving In (Radio Mix)
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Unstable (2003)
01 - Co-Dependent
02 - Rip The Heart Out of Me
03 - Stand Up
04 - Unstable
05 - Promises
06 - Blame Me
07 - So Fortunate
08 - Stressin'
09 - Do You Hear Me?
10 - Let Go
11 - Betray
12 - Needles
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Planets (2005)
01 - Shoot The Arrows
02 - Barricades In Time
03 - Tornado
04 - Sevenfold
05 - Planets
06 - Enter The Cage
07 - Remember
08 - Chel
09 - Until Now
10 - Rise Above
11 - Better Living Through Chemistry
12 - Adema - Reelising Consciousness
13 - Vikraphone
14 - Estrellas
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Kill The Headlights (2007)
01 - Cold and Jaded
02 - Brand New Thing
03 - Open 'Till Midnight
04 - Waiting For Daylight
05 - Days Go By
06 - Prelude
07 - All These Years
08 - What Doesn't Kill Us
09 - Invisible
10 - Black Clouds
11 - Los Angeles
12 - The Loser
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